domingo, 6 de maio de 2012

Opinião: "Mão Direita do Diabo"

Autor: Dennis McShade
Série: Peter Maynard #1
Colecção: 9mm nº18
Editor: Público
Edição/reimpressão: Junho de 2005
ISBN: 8498192943
Páginas: 192

Sinopse: Dennis McShade é o pseudónimo de Dinis Machado, o único escritor português da colecção. Autor do célebre romance "O Que Diz Molero" e verdadeiro devorador da literatura policial americana de onde destaca Chandler, o autor de "Mão Direita do Diabo" (1968) conta com o detectiva Peter Maynard para desvendar um caso onde a presença do Diabo parece não andar longe...

A minha opinião: Vou começar a minha opinião com uma breve contextualização (podem encontrar mais informação aqui). Mão Direita do Diabo surgiu publicado, em 1968, pela primeira vez, na colecção Rififi, e foi escrito por Dinis Machado sob o pseudónimo anglo-saxónico Dennis McShade. A Rififi foi uma colecção de livros policiais publicada nos anos 50 e 60 e Dinis Machado não foi o único a recorrer ao pseudónimo para publicar obras, outros autores portugueses também o utilizaram para publicar as suas obras policiais.

O uso de pseudónimos justificava-se, não só porque era mais fácil escapar à censura se fingissem tratar-se de traduções de livros estrangeiros, mas também pela crença de que livros policiais de autores portugueses não teriam procura. Deste modo, para além da utilização do pseudónimo anglo-saxónico, as histórias tinham protagonistas estrangeiros e a acção também se passava no estrangeiro. 

Dinis Machado era um fã dos policiais negros americanos, como os de Raymond Chandler, e nota-se. Tendo lido À Beira do Abismo no início deste ano, foi muito fácil encontrar semelhanças entre ambos. O protagonista de moral duvidosa, mas com um fortíssimo sentido de honra e a depreciação da mulher que serve apenas de escape e porto seguro ao protagonista são apenas dois exemplos de semelhanças que encontrei entre os dois livros.

Mas nem tudo são semelhanças. Em Mão Direita do Diabo, o herói é Peter Maynard, um assassino profissional, contratado para vingar um pai cuja filha se suicidou após ter sido violada por quatro homens, matando esses quatro homens. Uma missão de rotina no início, acaba por se complicar ao ponto de Maynard correr risco de vida. Isto porque o Sindicato (a máfia de Nova Iorque) acaba por se meter ao barulho e o equilíbrio precário entre as actividades do Sindicato e as actividades de Maynard deixa de existir. Mas Maynard tem um sentido de honra muito próprio, e mesmo perseguido pelo Sindicato, insiste em cumprir o contracto até ao fim.

Como já tinha dito a respeito de À Beira do Abismo, não sou particularmente fã dos policiais americanos dos anos 50/60. Contudo, gostei da personagem de Maynard, atormentado por uma úlcera que o força a beber leite constantemente, que lê e cita autores com frequência e fiel às suas convicções. Também gostei do facto de não haver femmes fatales, de que não gosto particularmente...

Em suma, achei uma história interessante e até tinha curiosidade em ler os restantes livros da série, mas como não estão disponíveis na biblioteca, e não me parece que os vá comprar, serão leituras adiadas até uma próxima oportunidade.

Classificação: 2

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