domingo, 22 de maio de 2011

Opinião: "Vasto Mar de Sargaços"

Título original: Wide Sargasso Sea
Autor: Jean Rhys
Tradutor: José Carlos Costa Marques
Editor: Grupo Cofina (Biblioteca Sábado)
Edição/reimpressão: Fevereiro de 2009
ISBN: 9788461292127
Páginas: 180

Sinopse: (Atenção - contém spoilers para quem ainda não leu Jane Eyre) Perdida entre estranhos numas Antilhas tão fascinantes como opressivas, vítima de diversos infortúnios familiares e minada pela incompreensão e desprezo do marido, Antoinette vai perdendo tudo o que amava, incluindo a segurança necessária para manter o equilíbrio mental... Este extraordinário romance desenvolve-se paralelamente ao clássico gótico de Charlotte Brontë Jane Eyre, e procura reescrever a história da primeira mulher de Edward Fairfax Rochester, a «louca do sótão». A voz torbulenta de Antoinette, silenciada no romance de Brontë, oferece ao leitor uma possibilidade de compreender as causas dessa loucura que o romance vitoriano se empenhou em manter escondida...

A minha opinião: (Atenção - contém spoilers para quem ainda não leu Jane Eyre) Depois de ter lido (e adorado) Jane Eyre, e uma vez que já tinha o livro, não resisti a ler de seguida a sua prequela. Gostei da hipótese proposta por Jean Rhys para o porquê da loucura da primeira mulher de Mr. Rochester (uma vez que a sua verdadeira história, a ter alguma vez sido pensada, morreu com Charlotte Brontë) e confesso que acabei por simpatizar bastante mais com ela.

O livro está dividido em três partes. A primeira é-nos narrada por Antoinette e nela ficamos a conhecer a sua infância e adolescência, nada fáceis pois Antoinette era filha de esclavagistas e, após o fim da escravatura e totalmente na miséria após a morte do seu pai, sofreu por não se integrar nem com os negros que lhe chamavam branca-preta, nem com os ingleses que a julgavam uma "selvagem". A segunda é narrada por Mr. Rochester que, sem saber muito bem como, se vê casado com uma mulher que mal conhece e que tenta amar, mas não consegue por nunca a chegar a compreender e também pela mágoa de se sentir enganado por ela, pela família dela e pela sua própria família. A terceira parte volta a ser narrada por Antoinette quando já se encontra no sótão de Thornfield Hall. Esta foi a parte de que mais gostei, mas infelizmente é também a mais curta, pois revela-nos o que passa pela cabeça de Antoinette/Blanche em alguns dos momentos-chave de Jane Eyre. Tive pena que Jean Rhys não tivesse explorado mais esta parte.

Apesar de ter ficado com muita pena de Antoinette, consigo perceber o comportamento de Mr. Rochester. Antoinette era uma mulher que nunca tinha sido verdadeiramente amada, nunca se tinha sentido desejada e agarrou-se desesperadamente à esperança de felicidade com Mr. Rochester e tentou "obrigá-lo" a amá-la, acabando por lhe sair o tiro pela culatra. Quanto a Mr. Rochester, tenho a sensação que as coisas poderiam ter sido muito diferentes se lhe tivessem contado a verdade desde o início, pois ao descobrir as mentiras e os enganos, acabou por descarregar toda a sua mágoa e frustração na pessoa que menos culpa tinha. 

Classificação: 3

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Este livro conta para os Desafios What's in a Name 4 (Categoria Size) e Spring Reading Thing 2011.

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